sábado, 28 de julho de 2012

Esporte e tecnologia: Onde vamos parar?

Quando falamos em esporte, criamos paralelamente um mundo de super-heróis, com homens e mulheres com ‘poderes’ sobrenaturais que podem, em um breve jogo de palavras, vencer o invencível. Com isso, é absolutamente comum surgirem grandes discussões, em nossos círculos de vida, sobre a capacidade dos atletas.

Ontem tivemos a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, e esta edição, mais do que todas as outras, mexe com o público brasileiro, já que na próxima edição o Rio de Janeiro será sede da maior competição esportiva do planeta. A Olimpíada é a competição mais importante para todos os atletas e envolve um número gigantesco de modalidades. Atletas que quebram recordes atrás de recordes, se sacrificam por vários e vários anos até esta competição, tudo para mostrar em minutos, ou muitas vezes segundos, que são os melhores do mundo.

O assunto de hoje surge em meio a essa preparação toda. Acreditamos que esses homens e mulheres são realmente incríveis, mas as Olimpíadas criaram um mundo onde uma fração de segundo pode ser a diferença entre a decepção e a fama mundial. As margens são muito pequenas e, para atingir o máximo da capacidade, só treinamento e dedicação não basta. Você tem que usar um equipamento com o mínimo de resistência à água ou correr com sapatos equipados, além de treinar contra atletas, companheiros de profissão e máquinas. Isso citando apenas algumas das tecnologias que a cada dia conhecemos melhor.

A tecnologia obriga os treinadores a estarem preparados. Hoje ocorre uma situação inusitada, pois um treinador pode acessar as informações do último treinamento, ferramentas e recursos para os seus atletas. Entretanto, o treinador deve ter o conhecimento tecnológico para fazer uso destas propriedades de base tecnológica. A tecnologia está envolvida no nosso cotidiano e seus benefícios trouxeram grandes mudanças a nossa vida. No esporte não é diferente e ela auxilia atletas, técnicos e árbitros, fortalecendo a ideia de contribuir para um resultado mais justo.

Entretanto, o assunto não é tão simples como texto mostra. O auxílio no processo é bem visto até o ponto em que a tecnologia compete contra o atleta. O sul-africano Oscar Pistorius conseguiu permissão do Tribunal Arbitral do Esporte para disputar os Jogos Olímpicos, não só os Paraolímpicos (onde ele já havia ganhado ouro em Atenas). Na edição de Londres, ele vai competir contra atletas que não fazem uso de próteses. Imaginem a cena: todos os atletas se aquecendo, alongando, quando olham para o lado um cara com próteses em forma de jota invertido começa a se preparar para a largada. Imaginem o choque no mundo todo assistindo. Será muito interessante.

A ciência entrou em ação nesse caso, isso porque era necessário provar que, usando as próteses, o atleta não levaria vantagem sobre os outros. Alguns cientistas eram contra e diziam que a utilização das próteses faria com que o atleta utilizasse menos oxigênio para determinado movimento. Outros cientistas diziam que por um percurso maior que o testado a diferença fica insignificante. Mesmo liberado para competir, as dúvidas persistem e com certeza será motivo para várias e várias discussões pelo mundo todo.

Porém, esta dúvida existe hoje. Pode existir, até o momento em que veremos numa mesma prova atletas separados pela tecnologia de maneira tão deflorada. Caso o sul africano seja derrotado, qual será nosso pensamento? Será que vamos pensar que seria impossível mesmo ele vencer, já que foi algo grandioso ele conseguir chegar às olimpíadas?

Na realidade, as maiores discussões vão acontecer caso ele vença e leve para casa o badalado ouro olímpico. Já imaginou atletas incríveis como Michael Phelps, Yelena Isinbayeva, Usain Bolt ou até mesmo Neymar ficar no pódio no degrau debaixo de atletas como Oscar Pistorius? Como será o dia seguinte no esporte mundial?

Fica a dica: O esporte e a tecnologia são dois acontecimentos distintos, porém a cada dia são mais ligados. Neste texto, não defendo e não critico a participação de nenhum atleta aos Jogos Olímpicos, pois acredito que todos os atletas classificados são merecedores de tal situação. O texto apenas mostra as situações que a tecnologia pode nos oferecer com a evolução natural e cabe a você ler e tirar suas devidas conclusões. Deixo claro que, como educador físico, acredito que o esporte é para todos.

Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.

sábado, 21 de julho de 2012

Doping no esporte: Uma antiga realidade


O ser humano busca, durante toda a vida, se superar e isso faz parte do conceito de vitória. Superar limites e transformá-los em obstáculos cumpridos é a grande meta de cada esportista. O desejo de dar continuidade a esse processo evolutivo cria uma imagem de um ser humano perfeito, imbatível, capaz de quebrar recordes e acumular vitórias. Para alcançar esse objetivo, muitos atletas utilizam métodos ou substâncias proibidas.

É exatamente nesse ponto que a Educação Física fornece o conhecimento científico necessário para entendermos o que seria o verdadeiro uso do doping.

Se analisarmos a evolução do esporte ao longo de sua existência, vamos entender que podemos considerar doping todo processo evolutivo, tanto em treinamento, como na alimentação ou evolução tecnológica, afinal de contas a tecnologia talvez seja o maior doping que conhecemos. O doping ou dopagem é o ato, o efeito ou a realização de introduzir substância estranha num meio ou sistema, não vivo ou vivo, acidental ou intencional, lícita ou ilicitamente, com propósitos usualmente bem determinados.

A maior cobrança do Comitê Internacional do Esporte (COI) é não permitir que o atleta tenha vantagem sobre outro por utilização de uma substância ou de um equipamento alternativo. O que entra em discussão direta com todo o processo evolutivo é o que podemos chamar de dieta dos atletas. Algumas substâncias são inseridas com o intuito de melhorar a performance, porém em determinadas quantidades são proibidas. Podemos dividir as substãncias dopantes em cinco grupos:

• Estimulantes Psicomotores (a anfetamina, a cocaína e os moderadores de apetite);
• Analgésicos\Narcóticos (a codeína, a morfina, a heroína);
• Esteróides Anabílicos (os hormônios masculinos);
• Estimulantes do Sistema Nervoso Central (a cafeína, a aminoflina);
• Aminas Simpaticomiméticos (estimulam o sistema nervoso central, como vasoconstritores nasais que tem efedrina).

Ultimamente temos assistido em cada competição uma evolução de performances que geralmente é atribuída aos atletas. Mas, os olhares mais atentos percebem que no centro dos principais avanços dos últimos tempos está a informática, que aliada a outras áreas como a medicina, a biomecânica e a farmacologia, tem constituído toda a parafernália tecnológica utilizada na preparação dos esportistas e os equipamentos que eles usam.

O ser humano não para de se superar, considerando que as marcas esportivas não são pensadas apenas como limites do esporte, mas como fronteiras a serem alcançadas e principalmente superadas. A maioria dos recordes de algumas décadas atrás estava em marcas que hoje são atingidas por atletas amadores. Uma parte se deve, de fato, a avanços técnicos e melhor condicionamento físico, mas a maior parte está nos avanços tecnológicos.

Talvez atletas com um talento mais do que especial, os verdadeiros atletas natos e aprimorados com um treinamento espetacular, não atingissem o ápice se não tivessem a disposição certos equipamentos. Refiro-me a bicicletas aerodinâmicas, tecidos que aceleram a evaporação do suor, calçados que compensam defeitos estruturais no pisar de um corredor, pistas especiais, varas de salto que garantem uma mecânica de impulsão, entre outras coisas.

Isso tudo deixa uma grande dúvida: Se a tecnologia melhora as condições de superar marcas e quebrar recordes, até onde a utilização de substâncias que melhoram o desempenho é considerada doping? A tecnologia deve fluir ou não? O doping bioquímico e o doping tecnológico, qual influencia mais?

Fica a dica: O texto não faz uma apologia ao uso do doping, apenas cita a evolução do esporte de alto nível e deixa duas questões. Até quando as entidades responsáveis vão conseguir controlar o uso de qualquer vantagem para atingir resultados maiores? Vale a pena mesmo correr o risco para ser o melhor?


Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.

sábado, 14 de julho de 2012

Atividades físicas e a prevenção de infarto no inverno

No dia 21 de junho damos início a estação mais fria do ano, o inverno. Nesta época, o frio causa algumas mudanças em nosso estilo de vida e por isso devemos ficar atentos a essas alterações. Assim, vamos sugerir algumas atenções especiais a essa época do ano em que o frio é muito mais intenso.
Neste período entre os meses de junho e setembro, alguns problemas com a saúde nos preocupam ainda mais e por isso devemos ter cuidados redobrados. Além das doenças virais comuns da estação, como gripes e resfriados, as doenças cardiológicas também têm maior ocorrência no período. Esse fato ressalta a importância de todos estarem atentos à saúde de seus corpos e corações.

Essa relação entre o inverno e o aumento de problemas cardíacos sustenta algumas hipóteses, isso porque a baixa na temperatura faz aumentar os casos de inflamação nos vasos sanguíneos. Isso aumenta a formação de placas de gordura na parede dos vasos, o que ocasiona um processo que chamamos de aterosclerose, que reduz o diâmetro do vaso, colocando em risco nossa saúde.

Outra mudança que o frio causa em nosso sistema circulatório é a vasoconstrição, efeito que diminui o calibre dos vasos. É um ajuste automático do nosso corpo para manter o equilíbrio térmico. O colesterol elevado é silencioso e assintomático. Uma boa porcentagem das pessoas que morrem de causa súbita do coração tem colesterol alto e não sabia.

Com a diminuição do calibre dos vasos, veias e artérias, a pressão arterial sofre um aumento que pode causar uma aceleração dos batimentos cardíacos. Isso acontece porque a quantidade de sangue que passa nas veias e artérias diminui e o coração precisa acelerar para conseguir enviar a mesma quantidade de antes.

O infarto é definido como uma lesão isquêmica do músculo cardíaco (miocárdio), que se deve à falta de oxigênio e nutrientes. Os vasos sanguíneos que irrigam o miocárdio podem apresentar depósito de gordura e cálcio, levando a uma obstrução e comprometendo a irrigação do coração. As placas de gordura localizadas no interior das artérias podem sofrer uma fissura causada por motivos desconhecidos, formando um coágulo que obstrui a artéria e deixa parte do coração sem suprimento de sangue. É assim que ocorre o infarto do miocárdio. Esta situação vai levar à morte celular (necrose), a qual desencadeia uma reação inflamatória local. O infarto também pode ocorrer em vasos coronarianos normais quando as artérias coronárias apresentam um espasmo, ou seja, uma forte contração que determina um déficit parcial ou total no suprimento de sangue ao músculo cardíaco irrigado por este vaso contraído.

O exercício físico é um grande aliado à saúde do coração. Dentre muitos benefícios, controla a pressão dos hipertensos crônicos, melhora os índices de glicemia e diminui os níveis de colesterol e triglicérides do sangue. O indivíduo condicionado pelo esporte regular tem menor frequência cardíaca, pouco consumo de oxigênio pelo coração e baixo desgaste do músculo cardíaco. Libera endorfinas que se acumulam na circulação e no sistema nervoso, causando sensação de bem estar e perda de peso.

O número de infartos no inverno aumenta quase 30% em relação às outras épocas do ano. Os dados são de uma pesquisa publicada pelo British Medical Journal, periódico científico inglês. O exercício físico pode aumentar a capacidade de função cardiovascular e diminuir a demanda de oxigênio do miocárdico para um determinado nível de atividade física, isso facilita tanto a prevenção quanto também a recuperação após o infarto.

Fica a dica: Cuidar da saúde do corpo é fundamental, o infarto pode causar sérios danos a nossa saúde ou até mesmo nos levar a óbito. Portanto cuide da saúde do seu coração. Saúde em primeiro lugar.


Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.

sábado, 7 de julho de 2012

Você acredita mesmo que sabe treinar?

Não é apenas a educação física que sofre com a ‘síndrome do aprendizado instantâneo’. Brincadeiras a parte, em todas as áreas temos pessoas que vivenciam um pouco e se sentem absolutamente preparadas para tomar decisões ou opinar sobre algum assunto específico.

Quantas vezes as pessoas se automedicam, ou pior, indicam medicamentos a outras pessoas sem imaginar quais reações aquele produto pode causar. Receitas de dietas especiais para emagrecer, aumentar o peso e muitas outras situações que o nutricionista estuda anos e anos e as pessoas, em segundos, decifram todas as quantidades e combinações. Isso não se restringiu apenas a área da saúde, pois dentro desse contexto encontramos eletricistas, mecânicos, encanadores, entre outros. Em diversas situações, as pessoas acreditam que, na prática, podem aprender o que ainda gera muita dúvida após anos e anos de estudos.

Hoje vamos falar da musculação e dos diversos problemas que a prática sem orientação pode causar, e quando digo sem orientação estou citando também aqueles praticantes que buscam treinos pela internet, revistas ou outra metodologia neste padrão. Estes praticantes que acreditam que treinar é realizar determinados exercícios com qualquer série e repetição, estão muito enganados, pois um treino consiste em individualizar os exercícios e promover as melhoras necessárias de acordo com o objetivo traçado.

Além da ineficiência do treino em relação à meta desejado, a probabilidade desse treino gerar lesões é muito grande e essas lesões podem ocorrer por gestos motores realizados incorretamente, onde as posturas incorretas colocam a coluna vertebral e as articulações em riscos de lesões articulares e desvios posturais, levando o corpo à fadiga muscular e mental. Muitas vezes, excessos de treinamento geram uma síndrome chamada de overtraining e neste caso o excesso de exercícios deixa o corpo debilitado, afetando o rendimento, o humor, a motivação e até mesmo o convívio. Quando se prescreve um treinamento, deve-se levar em consideração uma série de fatores, como divisão da rotina semanal de treino, tipo de série a ser utilizada, número e ordem dos exercícios, número de exercícios por grupamentos musculares, números de séries e repetições, percentual de sobrecarga, intervalo entre as séries e os exercícios, velocidade de execução dos movimentos, entre outros.

Adolescentes, quando não orientados, podem ter problemas ainda maiores, já que o trabalho com cargas não deve exceder alguns limites. Trabalhar com cargas adequadas a sua idade e ao seu corpo são medidas que previnem lesões e futuros problemas de crescimento. Uma dieta rica e balanceada e muito descanso garantem mais “combustível” para os seus objetivos. E lembre-se: atividade aeróbia (andar, correr, pedalar, nadar) e alongamento complementam a musculação e garantem mais saúde.

A prática inadequada da musculação pode gerar lesões, até mesmo irreversíveis, para o resto da vida. A sobrecarga, a má utilização dos aparelhos, a execução incorreta dos exercícios ou a carga de treino inadequada são alguns fatores que podem causar essas lesões. É preciso consciência para entender a importância de uma boa orientação.

Fica a dica: Preste muita atenção aos riscos da prática de musculação sem orientação. Não acredite que alguns dias, meses ou anos de treino lhe darão o embase necessário para montar treinamentos para você ou para outras pessoas, pois isso requer muito estudo e muita pesquisa. Treinar corretamente é buscar uma melhor qualidade de vida. Saúde em primeiro lugar.

Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.