sábado, 21 de julho de 2012

Doping no esporte: Uma antiga realidade


O ser humano busca, durante toda a vida, se superar e isso faz parte do conceito de vitória. Superar limites e transformá-los em obstáculos cumpridos é a grande meta de cada esportista. O desejo de dar continuidade a esse processo evolutivo cria uma imagem de um ser humano perfeito, imbatível, capaz de quebrar recordes e acumular vitórias. Para alcançar esse objetivo, muitos atletas utilizam métodos ou substâncias proibidas.

É exatamente nesse ponto que a Educação Física fornece o conhecimento científico necessário para entendermos o que seria o verdadeiro uso do doping.

Se analisarmos a evolução do esporte ao longo de sua existência, vamos entender que podemos considerar doping todo processo evolutivo, tanto em treinamento, como na alimentação ou evolução tecnológica, afinal de contas a tecnologia talvez seja o maior doping que conhecemos. O doping ou dopagem é o ato, o efeito ou a realização de introduzir substância estranha num meio ou sistema, não vivo ou vivo, acidental ou intencional, lícita ou ilicitamente, com propósitos usualmente bem determinados.

A maior cobrança do Comitê Internacional do Esporte (COI) é não permitir que o atleta tenha vantagem sobre outro por utilização de uma substância ou de um equipamento alternativo. O que entra em discussão direta com todo o processo evolutivo é o que podemos chamar de dieta dos atletas. Algumas substâncias são inseridas com o intuito de melhorar a performance, porém em determinadas quantidades são proibidas. Podemos dividir as substãncias dopantes em cinco grupos:

• Estimulantes Psicomotores (a anfetamina, a cocaína e os moderadores de apetite);
• Analgésicos\Narcóticos (a codeína, a morfina, a heroína);
• Esteróides Anabílicos (os hormônios masculinos);
• Estimulantes do Sistema Nervoso Central (a cafeína, a aminoflina);
• Aminas Simpaticomiméticos (estimulam o sistema nervoso central, como vasoconstritores nasais que tem efedrina).

Ultimamente temos assistido em cada competição uma evolução de performances que geralmente é atribuída aos atletas. Mas, os olhares mais atentos percebem que no centro dos principais avanços dos últimos tempos está a informática, que aliada a outras áreas como a medicina, a biomecânica e a farmacologia, tem constituído toda a parafernália tecnológica utilizada na preparação dos esportistas e os equipamentos que eles usam.

O ser humano não para de se superar, considerando que as marcas esportivas não são pensadas apenas como limites do esporte, mas como fronteiras a serem alcançadas e principalmente superadas. A maioria dos recordes de algumas décadas atrás estava em marcas que hoje são atingidas por atletas amadores. Uma parte se deve, de fato, a avanços técnicos e melhor condicionamento físico, mas a maior parte está nos avanços tecnológicos.

Talvez atletas com um talento mais do que especial, os verdadeiros atletas natos e aprimorados com um treinamento espetacular, não atingissem o ápice se não tivessem a disposição certos equipamentos. Refiro-me a bicicletas aerodinâmicas, tecidos que aceleram a evaporação do suor, calçados que compensam defeitos estruturais no pisar de um corredor, pistas especiais, varas de salto que garantem uma mecânica de impulsão, entre outras coisas.

Isso tudo deixa uma grande dúvida: Se a tecnologia melhora as condições de superar marcas e quebrar recordes, até onde a utilização de substâncias que melhoram o desempenho é considerada doping? A tecnologia deve fluir ou não? O doping bioquímico e o doping tecnológico, qual influencia mais?

Fica a dica: O texto não faz uma apologia ao uso do doping, apenas cita a evolução do esporte de alto nível e deixa duas questões. Até quando as entidades responsáveis vão conseguir controlar o uso de qualquer vantagem para atingir resultados maiores? Vale a pena mesmo correr o risco para ser o melhor?


Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.

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