sábado, 23 de julho de 2011

Ser um atleta ou praticar um esporte, o que é mais saudável?

Sempre que tentamos visualizar um sinônimo para saúde, focamos na imagem de um super atleta, um super homem ou uma mulher maravilha. Atualmente, quando pensamos nisso, rapidamente nos vem à memória o nadador Cesar Cielo ou a saltadora Maurren Maggi, dois super atletas brasileiros campeões olímpicos. São nesses ícones que normalmente apoiamos a idéia de corpos perfeitos e uma saúde completa. Mas na realidade, esse assunto não é tão colorido como parece.

Quando citamos o esporte competitivo de alto nível, uma variável muito importante deve ser observada: manter esses atletas ao nível máximo durante tanto tempo é uma atividade de muito risco para o corpo. Se pensarmos apenas no comprometimento com o corpo e a parte locomotora, o atleta vive uma vida de lesões e desgastes e, com o envelhecimento, irão carregar sequelas que fogem do plano de vida considerado saudável.

O atleta sofre um apelo psicológico por resultados e isso acaba se tornando seu maior inimigo e seu maior incentivo. A busca por fama e reconhecimento acaba deixando seu foco na saúde do corpo absolutamente de lado. Quantas vezes ouvimos atletas dando entrevistas na TV, falando sobre lesões e o esforço para competir com elas? Há pouco tempo, durante entrevista coletiva que anunciava sua aposentadoria, o atacante Ronaldo Fenômeno confessou que jogou a maior parte de sua carreira com dores por todo o corpo, e mais, revelou que nenhum esportista passa sua carreira competindo sem dores. Essa é a única maneira que leva o atleta a ultrapassar os limites do corpo e se tornar um grande campeão.

O esportista tem como meta a vitória e a utilização máxima de suas capacidades, até muitas vezes ultrapassando esses limites, o que promove sérias alterações funcionais em seu corpo. São alterações muitas vezes prejudiciais, entretanto, devemos ressaltar que ser um atleta também não é sinônimo de péssima saúde. O que acontece na realidade é que antes de serem os atletas que são, eles ainda são seres humanos, que trazem consigo uma história genética. Sendo assim, caso existisse uma possibilidade de desenvolver algum quadro patológico, a cobrança exagerada em treinamentos e competições pode sim acelerar esse processo.

Não existe maneira de controlar a sobrecarga no esporte de alto rendimento. O atleta, além do envolvimento profissional, possui o envolvimento emocional e, se por algum motivo é limitado por uma alteração patológica, ele não poderá praticar o esporte, já que não teria controle sobre suas capacidades. Essa prática poderia, inclusive, levá-lo a óbito, como vimos em alguns atletas como o jogador de futebol Serginho, do São Caetano, que faleceu durante uma partida. Claro que ele já possuía uma alteração patológica e até hoje existem diversas teorias sobre se ele deveria ou não ter sido liberado para jogar, mas a verdade é que seu quadro clínico e sua rotina excessiva de treinos e competições o prejudicaram muito nesse aspecto.

A prática saudável de atividades físicas deve conter uma rotina que beneficie seu corpo e sua mente. O exercício, além de aumentar sua auto-estima, aliviando o stress, deve ser passado na dose correta. Ele deve sim exigir do corpo aquilo que podemos oferecer pelo nosso histórico de treinamento e jamais esgotar totalmente nossas energias. O exercício deve cobrar o desempenho que podemos oferecer e ainda deixar energia para nossas outras atividades diárias.

Atividades físicas não devem ser estressantes. Toda atividade que gera muito estresse acaba prejudicando o rendimento e a saúde. Se o seu objetivo é manter a saúde em dia, procure um professor de educação física e escolha uma atividade física prazerosa, que pode ser a modalidade que você preferir, desde que após essa escolha, tenha uma dedicação sem exageros e sem ambição por grandes resultados.

Lembre-se que quando falamos em alto rendimento, a prática esportiva nunca é prazerosa. Mas não se engane! Antes de praticar qualquer atividade física, procure seu médico e converse com ele, afinal, estar ciente do seu estado de saúde é o primeiro passo para uma vida saudável e, depois disso, é só curtir sua rotina esportiva em busca de qualidade de vida.

Fica a dica: Atleta busca resultados e fama e para ele o esporte não é tão saudável. Os seus resultados e sua fama devem ser sempre a saúde do seu corpo. Isso sim é esporte, isso sim é saúde. Saúde em Primeiro Lugar!



Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.



Um comentário:

  1. Ótimo comentário do Sr. Laert Braz sobre o assunto acima. Lamento que além de todo o efeito psicológico negativo sofrido, e do desempenho cobrado ao atleta (às vezes mais por ele mesmo), praticamente todos os atletas tem conceitos totalmente errados sobre alimentação e nutrição porque muitos foram ensinados assim, (vide os conceitos relativos à nutrição sob aos cuidados do ramo da Nutrologia médica) pois, sabemos que toda e qualquer atividade física intensa vai levar a um desgaste tão acentuado, de tal forma que esse atleta se mantiver neste estado por muitos anos, eles irão estatisticamente viver menos e isto é fato comprovado por pesquisas (um exemplo, coloquei no google acadêmico as palavras chave: cardiopatias em atletas, morte súbita em atletas) achei em torno de 54.000 trabalhos científicos diretamente relacionados com o assunto. Não vou falar mais nada!

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