Quando citamos o esporte competitivo de alto nível, uma variável muito importante deve ser observada: manter esses atletas ao nível máximo durante tanto tempo é uma atividade de muito risco para o corpo. Se pensarmos apenas no comprometimento com o corpo e a parte locomotora, o atleta vive uma vida de lesões e desgastes e, com o envelhecimento, irão carregar sequelas que fogem do plano de vida considerado saudável.
O atleta sofre um apelo psicológico por resultados e isso acaba se tornando seu maior inimigo e seu maior incentivo. A busca por fama e reconhecimento acaba deixando seu foco na saúde do corpo absolutamente de lado. Quantas vezes ouvimos atletas dando entrevistas na TV, falando sobre lesões e o esforço para competir com elas? Há pouco tempo, durante entrevista coletiva que anunciava sua aposentadoria, o atacante Ronaldo Fenômeno confessou que jogou a maior parte de sua carreira com dores por todo o corpo, e mais, revelou que nenhum esportista passa sua carreira competindo sem dores. Essa é a única maneira que leva o atleta a ultrapassar os limites do corpo e se tornar um grande campeão.
O esportista tem como meta a vitória e a utilização máxima de suas capacidades, até muitas vezes ultrapassando esses limites, o que promove sérias alterações funcionais em seu corpo. São alterações muitas vezes prejudiciais, entretanto, devemos ressaltar que ser um atleta também não é sinônimo de péssima saúde. O que acontece na realidade é que antes de serem os atletas que são, eles ainda são seres humanos, que trazem consigo uma história genética. Sendo assim, caso existisse uma possibilidade de desenvolver algum quadro patológico, a cobrança exagerada em treinamentos e competições pode sim acelerar esse processo.
Não existe maneira de controlar a sobrecarga no esporte de alto rendimento. O atleta, além do envolvimento profissional, possui o envolvimento emocional e, se por algum motivo é limitado por uma alteração patológica, ele não poderá praticar o esporte, já que não teria controle sobre suas capacidades. Essa prática poderia, inclusive, levá-lo a óbito, como vimos em alguns atletas como o jogador de futebol Serginho, do São Caetano, que faleceu durante uma partida. Claro que ele já possuía uma alteração patológica e até hoje existem diversas teorias sobre se ele deveria ou não ter sido liberado para jogar, mas a verdade é que seu quadro clínico e sua rotina excessiva de treinos e competições o prejudicaram muito nesse aspecto.
A prática saudável de atividades físicas deve conter uma rotina que beneficie seu corpo e sua mente. O exercício, além de aumentar sua auto-estima, aliviando o stress, deve ser passado na dose correta. Ele deve sim exigir do corpo aquilo que podemos oferecer pelo nosso histórico de treinamento e jamais esgotar totalmente nossas energias. O exercício deve cobrar o desempenho que podemos oferecer e ainda deixar energia para nossas outras atividades diárias.
Atividades físicas não devem ser estressantes. Toda atividade que gera muito estresse acaba prejudicando o rendimento e a saúde. Se o seu objetivo é manter a saúde em dia, procure um professor de educação física e escolha uma atividade física prazerosa, que pode ser a modalidade que você preferir, desde que após essa escolha, tenha uma dedicação sem exageros e sem ambição por grandes resultados.
Lembre-se que quando falamos em alto rendimento, a prática esportiva nunca é prazerosa. Mas não se engane! Antes de praticar qualquer atividade física, procure seu médico e converse com ele, afinal, estar ciente do seu estado de saúde é o primeiro passo para uma vida saudável e, depois disso, é só curtir sua rotina esportiva em busca de qualidade de vida.
Fica a dica: Atleta busca resultados e fama e para ele o esporte não é tão saudável. Os seus resultados e sua fama devem ser sempre a saúde do seu corpo. Isso sim é esporte, isso sim é saúde. Saúde em Primeiro Lugar!
Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.
Ótimo comentário do Sr. Laert Braz sobre o assunto acima. Lamento que além de todo o efeito psicológico negativo sofrido, e do desempenho cobrado ao atleta (às vezes mais por ele mesmo), praticamente todos os atletas tem conceitos totalmente errados sobre alimentação e nutrição porque muitos foram ensinados assim, (vide os conceitos relativos à nutrição sob aos cuidados do ramo da Nutrologia médica) pois, sabemos que toda e qualquer atividade física intensa vai levar a um desgaste tão acentuado, de tal forma que esse atleta se mantiver neste estado por muitos anos, eles irão estatisticamente viver menos e isto é fato comprovado por pesquisas (um exemplo, coloquei no google acadêmico as palavras chave: cardiopatias em atletas, morte súbita em atletas) achei em torno de 54.000 trabalhos científicos diretamente relacionados com o assunto. Não vou falar mais nada!
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