sábado, 21 de abril de 2012

A coordenação motora para uma vida mais saudável

A partir do momento em que somos fecundados, iniciamos um processo de desenvolvimento, com mudanças constantes que acontecem por toda a vida. Nossa meta é criar situações que facilitem todo esse processo de desenvolvimento, sempre visando melhoras em nossas capacidades físicas. Nossa alimentação, o estilo de vida sedentário ou não, nosso trabalho, a quantidade de horas que dormimos, enfim, tudo isso leva nosso corpo a adaptações. Esses ajustamentos podem também trazer malefícios, que podem ser evitados com um estilo de vida mais saudável e ativo.

A coordenação motora faz parte de todos os movimentos que realizamos por toda a vida. Cada vez que realizamos e melhoramos a execução de determinada tarefa ou movimento, melhoramos a coordenação motora. Existe um conjunto de informações armazenadas pelo cérebro, que são mandadas ao nosso corpo. A capacidade que o corpo possui de desenvolver esse movimento nós chamamos de coordenação motora. Atividades como correr, pular, andar, abaixar, levantar ou realizar movimentos que exijam maior habilidade faz parte do repertório motor. A velocidade e a agilidade que cada um responde a determinadas tarefas demonstram o nível de capacidade motora. As consequências de quem não desenvolve a coordenação motora são principalmente a noção espacial prejudicada, lateralidade precária e o tempo de reação defasado.

Na última década, as crianças enfrentam alguns "inimigos" do desenvolvimento motor. Principalmente nas grandes cidades, o desenvolvimento urbano tem modificado e muito a vida da crianças. Até a década de 90, era muito comum ver crianças brincando nas ruas. Futebol, esconde-esconde, pega-pega, subir em árvores, pular corda, eram algumas das atividades praticadas por grandes grupos de crianças. Com o desenvolvimento da cidade, o aumento de veículos circulando, aumento da criminalidade, evolução tecnológica e econômica (facilidade para adquirir produtos tecnológicos como video-games e computadores), as crianças passaram a brincar menos e com isso se desenvolver menos também.

Com o passar dos anos, a diminuição das capacidades fisicas é evidente e durante esse processo temos a diminuição da capacidade funcional. A capacidade funcional no processo de envelhecimento é um dos principais fatores de dependência, devido suas alterações no decorrer da vida. No envelhecimento, alterações da composição corporal são frequentes e inevitáveis, sendo a perda de massa óssea e muscular as principais a serem alteradas durante o processo. Os idosos ficam mais vulneráveis a osteopenia e osteoporose e com isso a coordenação motora vai sofrendo perdas significativas. Se durante a infância o desenvolvimento motor obteve um nível excelente, nossa meta, com o passar dos anos, é apenas estimular novas tarefas que exijam que o corpo "relembrem" algumas situações. Mas o maior problema é a situação que vivemos hoje. Com a prática de atividades fisicas cada vez menor para as crianças, o desenvolvimento motor fica cada vez pior e durante o processo de envelhecimento perdemos grande parte das capacidades físicas. As crianças de hoje, quando envelhecerem, serão idosos com uma coordenação motora precária.

A coordenação motora deve estar entre os principais fatores a serem trabalhados num programa de atividade física dirigido para o idoso. Como as funções sensoriais são as mais afetadas pelo processo do envelhecimento, é preciso estipular um programa de exercícios que criem situações de desenvolvimento motor para tarefas diárias.

É muito importante que durante a infância os familiares incentivem a prática de atividades físicas nas crianças, de forma que eles brinquem muito e deixem de lado o sedentarismo. Quanto maior o desenvolvimento das crianças, maior a possibilidade de uma vida adulta saudável e um processo de envelhecimento facilitado. Com isso, a prática de atividades físicas regulares na velhice, ou melhor idade, irá promover os níveis de coordenação motora os mais próximos possíveis da excelência.

Fica a dica: cuidar da saúde e um método de vida que devemos ensinar para nossos filhos hoje, para que eles possam ensinar nossos netos no futuro. Uma vida plena e saudável é o que esperamos para uma evolução de estilos de vida cada vez mais saudáveis.

Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.

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