Os Estados Unidos dominam com vitórias absolutas a maior parte dos Jogos e têm em seu arsenal de conquistas 2298 medalhas em 25 participações em jogos, das quais são 930 medalhas de ouro. Enquanto isso, a China vive outra história, com um total de 386 medalhas, das quais são 163 medalhas de ouro, porém com apenas oito participações em Olimpíadas, em dados contabilizados até a Olimpíada de Pequim em 2008. Analisando os dois países, observamos a diferença gigante de conquistas e participações e logo concluímos que os Estados Unidos fazem a história há muito tempo, enquanto a China começa a aparecer, e muito bem. Tão bem que em 2008, em Pequim, a China venceu as Olimpíadas com 100 medalhas, 51 medalhas de ouro, enquanto os Estados Unidos tiveram 110 medalhas, porém apenas 36 de ouro. Como na classificação as medalhas douradas valem mais, a China se sagrou, indiscutivelmente, a grande vencedora dos Jogos.
Mas como um país com poucas participações se torna essa potência e vence os Jogos Olímpicos?
Até as Olimpíadas de Los Angeles em 1984, a China era esportivamente insignificante. Um país sem medalhas olímpicas, sem títulos mundiais. Em 2008, nos Jogos de Pequim, massacrou o resto do mundo e liderou o quadro de medalhas. Não há limite para os investimentos e as ambições chinesas no esporte. O governo chinês está disposto a transformar o país na maior potência esportiva de todos os tempos. Não mede esforços e não escolhe modalidades para isso. Não há limites para a China. Milhões de crianças se dedicam ao esporte, dos mais aos menos populares. Muitas delas em centros de treinamento com rigidez militar, tratadas como robôs, quase escravas, e com métodos questionáveis. Entretanto, certa ou não, a política chinesa já dá resultados e conseguirá seu objetivo. Em pouco tempo, derrotar um chinês ou uma chinesa em qualquer competição será uma tarefa duríssima.
Os Estados Unidos lutam, nas Olimpíadas de Londres, para diminuir ou superar a delegação chinesa. Os americanos, que já investiam muito no esporte, se dedicaram ainda mais nos últimos quatro anos, principalmente em esportes menos difundidos no país para buscar resultados e conseguir tirar algumas das medalhas chinesas. Toda essa disputa esportiva e política só nos deixa a dúvida se em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, o Brasil também vai fazer bonito.
Esperar que o Brasil se torne o vencedor das Olimpíadas no Rio é um exagero sem tamanho. Mas podemos esperar mais medalhas, mais vitórias e talvez uma participação histórica?
No Brasil, a maior parte do investimento é destinada aos atletas de ponta. Porém, para chegar até esse ponto, o atleta precisa bancar todos os gastos até conseguir um resultado marcante. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) busca em especialistas as informações necessárias para transformar o Brasil em uma potência olímpica até 2016. Talvez seja tarde demais para acreditar neste sonho, até porque essa preocupação deveria ter sido o tema da preparação anos atrás. Um atleta necessita de muitos anos para uma preparação, que começa na infância com muito incentivo, fato esse que acontece com muito pouco apoio, e muito provavelmente a participação brasileira na Olimpíada do Rio estará muito longe de sagrar o Brasil como potência no esporte.
Fica a dica: Se a ideia principal é, assim como fez a China, chegar a resultados surpreendentes em uma edição olímpica, devemos primeiramente ‘copiá-los’na preparação e no investimento. A China iniciou esse processo há anos. Talvez o objetivo brasileiro fique apenas em realizar a melhor Olimpíada possível no Rio e realizar uma preparação desde agora visando especialmente os resultados para as Olimpíadas de 2020 e 2024, assim teremos o tempo necessário para transformar nosso esporte no mais competitivo possível.
Laert Braz Junior é formado em Educação Física no Centro Universitário de Araraquara (Uniara) e pós-graduado na Universidade Gama Filho em Atividade Física Adaptada e Saúde. É professor na academia Saúde Activa.
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